quarta-feira, 18 de junho de 2014

Cuidados e conteúdos na creche

Como funcionam as creches de hoje? 
     Há dois modelos mais comuns. Um com foco nos cuidados (o bem-estar físico e as questões biológicas) e outro que usa a pré-escola como referência (foco nos conteúdos curriculares). E ambos têm problemas. No primeiro, a creche se organiza em torno das refeições e da higiene. A troca de fralda não é feita de acordo com a necessidade. Ela tem hora marcada. Como sempre, há muitos bebês e crianças pequenas sendo trocados e ninguém dá conta de todos ao mesmo tempo. Alguns ficam esperando, sem nada para fazer. Já o segundo exagera na escolarização. Professores não propõem atividades de Matemática para que os pequenos explorem materiais relacionados ao assunto, mas para aprender a contar. Na hora do banho, muitos querem ensinar sobre as partes do corpo, quando o correto é estimular os pequenos a participar desses momentos com mais autonomia, fazê-los entender a importância da higiene e ajudar com pequenas ações, como lavar as mãos e levantar os braços.
Qual o modelo mais indicado, então?
     O ideal é encontrar o meio-termo entre os cuidados e a escolarização. Há muitos benefícios no primeiro modelo porque os professores são sensíveis ao carinho, ao acolhimento e ao vínculo, fundamentais nessa época da vida. No segundo, o bacana é entender que as crianças são competentes, ativas e produtoras de cultura.


Quais são os ingredientes de uma boa proposta pedagógica?
      É fundamental inteirar-se sobre a concepção de bebê e criança pequena. Existe um discurso mais difundido sobre a pré-escola: os meninos e as meninas são ativos, construtores de cultura, fazem escolhas e tomam decisões. Para a creche, é essencial definir os grandes marcos do desenvolvimento: sentar, engatinhar, andar, falar, desfraldar etc. Da mesma forma, a boa proposta pedagógica deve contemplar que esses sujeitos tenham possibilidades de interação.  Estudar o que os teóricos deixaram é outro ponto. O que Jean Piaget (1896-1980) queria dizer com o período sensório-motor? E Lev Vygotsky (1896-1934), ao afirmar que o bebê é um sujeito social? Nenhum deles disse que os pequenos precisam aprender a contar ou a segurar o lápis. Por isso, acredito que uma proposta pedagógica para a creche deve ter espaço para a formação de valores, a constituição da criança como sujeito, as relações sociais e as questões de vínculo, segurança e afeto. Todos devemos estar conscientes de que os bebês conhecem o mundo em todas as suas facetas: cheiros, gostos, formas, texturas, sons - e só depois vão organizar esse conhecimento. 

Como os bem pequenos aprendem na Educação Infantil?
      Sempre de forma ativa. Na relação com as pessoas, os objetos, o ambiente, outros bebês ou crianças mais velhas. É preciso valorizar a exploração e a manipulação, investindo em materiais que possibilitem isso, como os brinquedos. Um cubo áspero de um lado e escorregadio de outro permite que o bebê entenda essas diferenças. Os pequenos também aprendem fazendo escolhas. O francês Gilles Brougère diz que o bebê já sabe se deseja ou não brincar. Quando não quer, chora. Quando quer, estica a mão, mexe a perna, dá um grito. É importante respeitar esse interesse. Além disso, é fundamental entender que não é o professor que ensina a criança a explorar e escolher. Isso acontece naturalmente. Seu papel é propiciar oportunidades. Daí a importância do ambiente para garantir a interação com segurança e conforto. 

Como deve ser o espaço da creche?
     Ele deve ter diferentes objetos motivadores, como brinquedos e outros materiais que ofereçam diversas experiências.  Existe essa ideia de que elas têm dificuldade de dividir. Na verdade, elas vêem o objeto do outro e querem brincar junto para interagir. 

Como deveria ser a formação inicial?
     Para começar, a expressão cuidado deve ser entendida como cuidar e educar. Também é importante saber trocar fralda, dar banho, segurar no colo e ter noções de primeiros socorros. É essencial entender como se dá o desenvolvimento humano dentro de situações coletivas, como a escola, e ser formado para refletir sobre a própria prática.


Os maiores perigos dentro de casa para o bebê recém-nascido

     Não é preciso muito trabalho para manter um recém-nascido seguro. Nesse período, o bebê ainda é muito pequeno para se meter em encrencas. Ele ainda não pode colocar botões na boca, subir em escadas nem sair do berço. Mesmo recém-nascidos precisam de alguma atenção especial nessa área. 

Na hora de dormir

     Para reduzir o risco da síndrome da morte súbita, o bebê deve dormir de barriga para cima em um colchão firme. Cobertores, mantas, travesseiros e pelúcias não devem fazer parte do ambiente de sono da criança, ou seja, devem ser retirados do berço enquanto o bebê estiver nele. Um macacão quente ou um pijama é a escolha mais segura do que uma manta para manter o bebê quentinho. A manta pode enroscar na criança, sufocando-a. O colchão deve ser justo dentro do berço para que não haja espaço para o bebê ficar preso nas laterais. Verifique se não há nenhuma parte quebrada ou pontiaguda no berço. O berço deve ser aprovado pelo INMETRO. 

Na hora da troca de fralda

     Mesmo os menores bebê podem rolar do trocador se deixados sozinhos. Nunca saia de perto do trocador enquanto o bebê estiver nele. Esqueça telefones tocando, campainhas etc. Antes de colocar o bebê no trocador, verifique se tem à mão tudo o que vai precisar. Caso esteja insegura, faça a troca no chão, com um acolchoado, até pegar a prática.

Na hora do banho

     Um encosto de banheira é um ótimo auxílio mas pode criar uma sensação de falsa segurança. O ideal é nunca deixar o bebê sozinho nem por um segundo na banheira. Tapetes antiderrapantes também podem ajudar as novas mamães.

Outros perigos podem rondar sua casa

     Deixe objetos pesados ou quebráveis longe do alcance da criança. Coloque o berço e o trocador longe de janelas e cortinas. Não deixe brinquedo ou outros objetos pelo chão.

Brinquedo ideal para os recém nascidos

     Os bebês precisam de brinquedos para aprender noções de tamanho, forma, som, textura e como funcionam as coisas. Os bebês são sensíveis ao seu meio ambiente e revelam que ao nascer suas percepções sensoriais respondem aos estímulos de olfato, paladar, som, tato e visão.
     Nos primeiros meses de vida, a percepção visual do bebê só é boa de perto, portanto, objetos coloridos ainda não vão chamar sua atenção. Mas logo no segundo mês o bebê faz gestos e sorri ao se aproximar de um rosto humano e presta atenção em vozes conhecidas.

     É só a partir do terceiro mês que ele começa a sugar o polegar ou um dos dedos, brincar com a língua, reproduzir sons. Nessa fase, chocalhos, brinquedos musicais e mordedores são os mais apropriados.
Alguns vídeos de especialistas que falam sobre a brincadeira:
https://www.youtube.com/watch?v=0al1A_UBdWA
https://www.youtube.com/watch?v=ZQ-i4hu6h7Q